A prestação de serviços de saúde especializados em diversas áreas tem sido um grande desafio para os gestores em geral, tanto pela escassez de profissionais como pela dificuldade em alocar especialistas em determinadas regiões mais afastadas do grandes centros urbanos . Evidentemente, esse problema não possui solução simples, sendo ocasionado por diversos fatores como falta de incentivo financeiro, ausência de um programa de carreira bem orientado, e o medo de se desatualizar estando afastado do “centro cultural” da saúde.

A telemedicina desde que foi criada, tem o papel de quebrar barreiras físicas e unir quem está distante no intuito de melhorar os cuidados da saúde em tempo hábil e de forma custo-efetiva. Com a evolução tecnológica, cada vez mais ela vem sendo utilizada para o cuidado de doenças crônicas e por vezes incapacitantes, que impedem o paciente de se deslocar com facilidade até os ambientes de consulta. Vários tipos de doenças crônicas tem sido tratadas pela telemedicina, desde transtornos mentais, até patologias neurodegenerativas.

Por exemplo, pacientes portadores de diabetes e dependentes de insulina, e que as vezes utilizam dispositivos que somente endocrinologistas conseguem manusear com facilidade (bombas de infusão, medidores contínuos de glicose, etc.), estão sendo acompanhados através de teleconsultas diretas, realizadas no domicílio ou em clínicas próximas ao paciente. Outra utilização em casos de doenças crônicas se dá nos presídios, onde nos Estados Unidos e Canadá, já existem programas de telessaúde para presos, inclusive com disponibilização de várias especialidades médicas.

Na neurologia, onde a telemedicina tem se desenvolvido a passos largos, existe a possibilidade de acompanhamento de diversas doenças crônicas, ou neurodegenerativas, desde cefaléia até Doença de Parkinson. Os últimos estudos demonstram que não há diferença nos desfechos clínicos quando as teleconsultas são comparadas as consultas presenciais nesses casos. Contudo, pergunta-se com frequência se esse tipo de atendimento poderia comprometer a qualidade da relação médico paciente, e se os pacientes se sentiriam mal vistos. O que se encontra na verdade é uma ótima aceitação por parte daqueles que necessitam de cuidados e não podem tê-los por falta de condições de transporte ou por falta de profissionais.

São muitas as dificuldades a serem vencidas pela telemedicina tanto no Brasil como no mundo. Existem diversas frentes de batalha e delas a barreira cultura e socio econômica são uma das mais difíceis de serem resolvidas. Ainda existem muitas regiões onde não há internet, e existem núcleos populacionais mais isolados que também não sabem utilizar a tecnologia móvel com videoconferência. Existem aqueles que não sabem ao menos ler o nome. Portanto, vencer as principais barreiras sociais e culturais ainda é um desafio, que passa de fato por mudanças estruturais governamentais.

Espera-se que com o tempo e com a maior disponibilidade tecnológica, a telemedicina possa ser usada de forma mais natural pela população e pelos médicos. Isso ajudará na melhor distribuição de cuidados com a saúde no vasto território nacional. Todavia, esse crescimento precisa ser ordenado e regulamentado, para que não haja distorções no futuro. Precisamos de treinamento dos médicos nesse tipo de atendimento, e de formas de remuneração adequadas que possam fomentar o crescimento nessa área.

Por fim, espera-se que com o envelhecimento progressivo da população, e com o aumento importante das doenças crônicas, haja uma melhor equidade e melhor distribuição de médicos e outros profissionais de saúde, incluindo a utilização da telemedicina como forma de facilitar a interação com os pacientes, e de quebrar barreiras físicas e culturais.