Aproximadamente 2 milhões de casos de câncer são diagnosticados anualmente. Esse diagnóstico traz impactos físicos, psicossociais e financeiros aos pacientes os quais muitas vezes não possuem um acompanhamento adequado fora das clínicas e hospitais.

A inequidade de assistência especializada na área de oncologia ainda é um problema mundial. A falta de profissionais juntamente com a deficiência estrutural levam a superlotação de grandes centros e grandes redes hospitalares,  sobrecarregando o sistema de atendimento e causando gastos e tempo de espera excessivos.

Alguns estudos já têm demonstrado a utilização da telemedicina na avaliação histopatológica de tumores auxiliando na classificação das doenças e permitindo maior acusação no tratamento, mesmo estando em locais distantes onde a tecnologia para detecção de subtipos tumorais ainda é inexistente.

Esse processo se propagou também para a avaliação clínica dos pacientes oncológicos. Grandes centros de terapia contra o câncer iniciaram projetos para levar atendimento através da telemedicina a regiões mais distantes das cidades e zonas rurais.

Além disso,  o acompanhamento multidisciplinar passou a ser realizado utilizando a tecnologia mobile existente,  levando um cuidado em tempo real a qualquer hora, em qualquer lugar.

Um estudo publicado na Telemedicine and Health neste mês de junho, revelou que os pacientes oncológicos acompanhados através da telemedicina tinham desfechos semelhantes aos acompanhados presencialmente. Além disso, os cuidados realizados no pós consulta, foram muito mais bem recebidos através da telemedicina,  devido a mobilidade e ao conforto do paciente ser avaliado sem sair de casa. Dentre esses cuidados estavam avaliações de efeitos colaterais das medicações, avaliação psicológica e de enfermagem e teleconsulta com o médico assistente em caso de dúvidas do tratamento.

Aqui no Brasil, os centros de excelência em oncologia já fazem isso, de certa forma. Alguns médicos se disponibilizam a todo momento para ajudar os pacientes, oferecendo contato direto do WhatsApp para tirar dúvidas . Contudo,  a nossa legislação ainda não permite consultas  diretas entre médicos e pacientes pelos meios de telecomunicação, o que dificulta o avanço nesse tipo de cuidado.

A oncologia vem se adaptando a realidade da tecnologia digital e aos poucos emprega cada vez mais a telessaúde como método disruptivo. Quem sabe dentro de alguns anos possamos ter uma realidade mais equilibrada em termos de oferta de serviços de oncologia de qualidade em nosso país, através do uso da telemedicina, e do emprego adequado de recursos na saúde.