É comum observamos no dia a dia as pessoas utilizando seus smartphones, tablets, e notebooks, acessando as redes sociais ou interagindo amplamente no mundo digital. Contudo, apesar de termos hoje uma sociedade super “conectada”, a utilização de serviços médicos através da telessaúde ainda é uma realidade de uma pequena parcela da população, apesar do crescimento significativo da telemedicina ocorrido nos últimos 5 anos.

O investimento realizado em tecnologia não parece ter sido acompanhado por investimentos na orientação, divulgação e educação dos usuários. Apesar de 77% de pacientes agudos e crônicos terem a vontade de experimentar os serviços de telessaúde, pouco menos da metade o fazem, devido a desconhecimento dos procedimentos, da qualidade e da segurança envolvida nos atendimentos. Portanto, para que haja engajamento dos usuários, na utilização de sistemas de telessaúde, é necessário haver integração de diversas áreas atuando com foco nos pacientes: Marketing, Área administrativa, e Área Assistencial.

Somente levando em consideração todos os pontos de contato dos pacientes com o sistema de telessaúde, poderemos realmente perceber a experiência que ele vive ao marcar uma consulta, ou até mesmo ser atendido no pronto socorro. Uma das coisas mais importantes no contexto da experiência do paciente na telessaúde é a confiança que ele deposita no médico, e na equipe multidisciplinar relacionada ao cuidado. Interessante que na maioria dos estudos realizados, a tecnologia sempre fica em segundo plano no que diz respeito as preocupações do paciente. As perguntas mais comuns são: “será que o médico irá me entender?” “será que ele conseguirá me ouvir e me examinar?” “será que irei gostar do médico? Será ele experiente?”. Logo, a interação humana é aquela que tem mais representatividade, mesmo utilizando a telessaúde como forma de avaliação.

Os profissionais de saúde e médicos podem auxiliar no engajamento dos pacientes no uso das novas tecnologias dando apoio e garantindo a segurança do acompanhamento através das tecnologias de comunicação, evitando deslocamentos desnecessários, cansativos e perigosos para algumas patologias. Precisamos entender os sistemas de telessaúde de forma crítica, para percebermos que apesar de não resolver todos os problemas existentes, eles ajudam de forma significativa em diversas situações. Neste sentido, para que essas situações sejam cada vez mais bem aproveitadas, é necessário um trabalho conjunto com todos os profissionais de saúde, para educação sobre telemedicina ainda nas faculdades, no intuito de prover melhor grau de informação para seus futuros pacientes, criando um sistema de saúde digital, conectado com as pessoas, e voltado para o benefício da saúde em geral. 

Referências
The Beryl Institute 2016
J Postgrad Med, 2005;51:294-300